Um pouco da história do bumerangue

O continente Australiano é o lugar onde até há pouco tempo utilizava-se o bumerangue como arma de caça, então daí que se tem identificado este objeto como sendo exclusivo e de origem neste continente.
O bumerangue mais antigo que se tem notícia,  feito a partir de uma presa de mamute, foi encontrado na Polônia em 1987, com a idade calculada em torno de 23.000 anos. Os bumerangues de madeira mais antigos, foram descobertos em Wyrie Swamp, no Sul da Austrália, pelo arqueólogo Roger Luebbers, em 1974 e que tem em torno de 8 a 10 mil anos de idade. Também aparecem em inscrições rupestres sobre rocha, em Arnhem Landy (Australia) e acredita-se que tem mais de 15 mil anos.
Outros bumerangues pré-históricos foram encontrados em Jutlandia (Dinamarca) com aproximadamente 7 mil anos de idade e outros aparecem representados em cavernas no norte da África, com idade estimada de 9 mil anos.
Os índios Hopi, do Arizona (EUA), os esquimós, povos da Índia, do Antigo Egito, Holanda e Alemanha, também eram lançadores de uma arma de caça e combate semelhantes aos utilizados pelos aborígines australianos. O próprio índio brasileiro tinha o seu bumerangue, o tacape. Acredita-se que o bumerangue foi sendo esquecido com o uso de outras armas, como arco e flecha.
Os bumerangues que foram achados em escavações arqueológicas no Egito, mostram bumerangues muito elaborados, construídos em madeira e osso, decorados com ouro e pedrarias de brilhantes, onde foram utilizados como objetos sagrados. O Faráo Tutancamon foi um dos grandes aficcionados pelo bumerangue. Em sua tumba foi encontrado uma caixa com vários bumerangues adornados em ouro. Era considerado um esporte de elite, um esporte mágico, conforme desenhos encontrados em papiros e pinturas em paredes
Abaixo, os bumerangues encontrados na tumba do Rei Tut.

No princípio acreditava-se que o bumerangue era utilizado para golpear os animais durante a caça, devido à sua trajetória curva e a grande distância que podia ser arremessado.
Também se supôs que a característica de retorno era muito útil, pois se o bumerangue não não golpeasse o animal, poderia o caçador tê-lo em retorno à mesma posição do lançamento, poupando assim de se fabricar outra arma de caça.
Estudos mais minuciosos sobre estes achados arqueológicos da época, revelaram que o uso do bumerangue não tinha esta função (golpear animais), mas sim,  usavam como bastões para assustar as presas e serem conduzidas para redes estendidas pelos caçadores. Estes bastões não regressavam, ou pelo menos não faziam de forma suficientemente precisa.
O termo "boomerang" é de origem européia, pelos brancos, sendo que os aborígines o chamavam de "kylie" ou "karlie" e foram encontrados peças arqueológicas com 1,30 metros, com 1 kg e que alcançavam vôos de até 200 metros!
Também se descobriu que uma variedade destes bastões era utilizada para cerimônias e jogos ("Corroborees" em língua aborígene). Neles, mediante a demonstração da habilidade no seu manejo, podia-se dizer quem assumiria a chefia nas expedições de caça. Os bumerangues formam parte do conjunto de elementos sagrados da cultura tribal.

Abaixo, o "Corroboree"

Abaixo, o ritual aborígene, onde se utilizava o bumerangue.

O bumerangue era utilizado diariamente, às vezes como ferramenta para cortar (carne ou vegetais), como também para cavar a terra em busca de raízes comestíveis e como arma contra inimigos e contra animais. Utilizavam-no também na pesca, golpeando com habilidade a superfície da água.
Um bom bumerangue era símbolo de poder. O desenhos que o decoravam também eram significativos, identificando membros de famílias e clãs, mostrando assim a riqueza de quem o empunhava. As mulheres não podiam utilizar-se dos bumerangues ou kilies.
Atualmente, o bumerangue não é mais tido como uma arma, mas sim como um esporte que fascina cada vez mais e mais curiosos e a cada ano muitos adeptos surgem.